sábado, 28 de dezembro de 2019

O sonho: parte 1

Na primeira noite a bordo do navio de Beowulf o sono era impossível, a maioria dos aventureiros se reunia em torno de uma vela,conversando sobre como lidar com o futuro tão ameaçador quanto seu presente, o único que se recolhia em seu quarto era Nemo que esquecia de qualquer problema que tiveram durante o dia e até mesmo do fato de estarem num barco, nada importava para o rapaz além do grimório indecifrável de Fiona. A noite segue tranquila o suficiente para garantir um merecido momento de descanso para todos, os que conversavam no armazém dormem amontoados uns nos outros enquanto Nemo dorme sem perceber sobre o grimório. Naquela noite uma luz verde emana do colar de Nemo no momento em que o olho se abre pela primeira vez desde que havia sido retirado de sua antiga dona, a luz esverdeada guia o meio elfo para um palacio em seus sonhos. O Palácio reluz em prata,um tom familiar de quando estavam nas terras dos elfos da neve mas o sentimento de nostalgia era muito mais profundo,sentia -se como uma criança novamente e brincava como uma. Sem que percebesse estava com outra criança, um rapaz meio elfo de cabelos castanhos, suas roupas e tamanhos eram idênticos e o menino constantemente se referia à Nemo como "mana"; o clima intimista e relaxado se mantém por instantes mas desaparece num flash, no instante seguinte era carregado por um homem, humano, por uma vala escura e apertada, pela sua experiência sabia que essa era uma saída secreta pelos esgotos da cidade, o homem andava com pressa e arrastava o outro meio elfo nos braços até um forte barulho romper por todo o lugar e uma luz branca toma toda a sua visão. A medida que seus sentidos vão sendo recobrados, ainda que num sonho,seu sentimento de angústia anterior desaparece rapidamente ao se ver sentada agora sobre sua longa saia brincando num jardim de flores brancas, o lugar é cercado de muros altos e bem ornamentados junto de uma frota de guardas focados na menina. Uma voz vindo de suas costas chama seu nome, Fiona, e quase se perguntando "quem era Nemo mesmo ?"
 Fiona segue a voz de sua babá que convidava a princesa para um lanche. A mulher, uma goblin pouco maior que a garota, guia por um corredor luxuoso até um salão ainda mais exagerado, comida para um banquete era servido mas apenas uma pessoa sentava à mesa. Muitos homens rodeavam a rainha e bajulavam-na mas o olhar da mulher era morto e não parecia perceber nada ao redor, Fiona então se aproxima da mesa para sentar na ponta oposta de sua mãe, a serva goblin rapidamente se adianta para puxar a cadeira para a garota que responde instintivamente "obrigado, mãe", todos se espantam com o equívoco da garota menos a rainha, está segue imutável e somente faz um sinal de mão para seu soldado, o sinal era conhecido de Fiona, não sabia exatamente seu significado, mas tinha certeza que qualquer um que visse aquele sinal ela nunca mais veria, seu peito aperta e antes que percebesse parte para cima dos guardas e os derruba no chão com uma única asa saída de suas costas, ela então se vira para encarar sua mãe de uma vez mas seu choque antes de se virar por completo um golpe a atinge pelas costas e sua visão escurece.
Abrindo seus olhos mais uma vez uma angústia toma seu corpo, os arredores são novos mas tem certeza de onde está, a sala do arche-mago do Reino, há anos estuda magia com o velho elfo mas raras vezes pode colocar os olhos No artefato de seus sonhos, o olho de Wynna, o verdadeiro tesouro de sua família. O barulho dos passos de soldados ficava cada vez mais intenso enquanto procurava, já havia usado toda sua capacidade mágica para despistar qualquer um quer a segui-se. No meio de papiros e livros antigos finalmente o amuleto negro com sua corrente esverdeada surge, no primeiro toque sente a presença esmagadora do objeto e junto dela uma voz suave que falava numa língua desconhecida, mesmo sem ter ideia do que a voz dizia ela implora "me tire daqui,quero liberdade,quero conhecer meus irmãos, meus verdadeiros irmãos", o olho então se abre bruscamente revelando então seu verdadeiro poder. No instante seguinte ela se encontra numa cabana imunda com dois goblins magrelos a encarando
Nemo acorda com lágrimas nos olhos sem ter certeza de quanto tempo dormiu mas decidido a não mexer no grimório pelo resto da viagem 

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